Queria ser por alguns instantes
Os olhos de Neruda
A passearem argutos pela paisagem enamorada
Do alto do refúgio “La
Sebastiana”
Onde habitava com a amada Matilde.
Pudera eu, tocar com seus olhos, o intocável
Que uma simples alma da plebe literária ousaria
Poder sentir o refinado escutar
Das ondas quebrando nas pedras das suas dúvidas
Indubitáveis, doces tormentos.
E quando a maré chegasse
Rolaria pela areia, desapegada d’alma
Já embrulhada na seda do refinar poético
Analisaria com olhos sôfregos
Para vestir a lisonja.
No esconderijo do recanto
Desfolhar-me, como um bem-me-quer
Cantar-me um solo de letras
Descrever em sonetos a ousadia
A admiração da plebeia pelo o rei.
Poeta imortal partiu em sua nau
Deixando saudades nos recantos
Habitadas por eternas lembranças
Partida de muitos retornos
A qual a alma não cansa, regressa.