segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Diversidade Humana


A Tutela do Afeto

“O afeto merece ser visto como uma realidade digna de tutela”.

                                                                                    Maria Berenice Dias

Os vínculos afetivos sofreram várias “metamorfoses” no decorrer dos anos, gerando novas possibilidades de vínculos familiares. Alguns reconhecidos juridicamente, e com previsão legal. Quanto maior a normatividade que estiver inserida uma união, maior será a protetividade. Relações homoafetivas e o concubinato ainda tem dificuldade de terem seus direitos reconhecidos, e muitas vezes são suprimidos. Buscam respaldo de proteção de direitos junto aos valores normativos que regem a constituição.
As relações sócio afetivas sofrem mudanças com o tempo. Se alteram, modificam, expandem ou se excluem do cotidiano diário das pessoas. Sofrem mutações constantes, pois isto faz parte da dinâmica das relações interpessoais em todos os âmbitos. As pessoas estão sempre a busca da felicidade e da realização afetiva. E neste espaço de interlocução, que se monta um cenário de vida, que pede entendimento, aceitação, compreensão e o respeito pela diversidade, pois isto representa o entendimento de preservação da dignidade da pessoa humana, em plena liberdade de fazer escolhas e ter a identidade respeitada.
Por uma sociedade “democrática de Direitos”.

                                                                                     I.Ladvig



domingo, 27 de outubro de 2013

Limitações e Avanços

(...)" Libertar-se dos vícios “emocionais” depende, em grande parcela, da própria pessoa, de autocrítica e, muitas vezes, de apoio moral da família e amigos. E quando a família é ausente? Aumentam as chances para que não ocorram mudanças? Não, a mudança é possível a qualquer momento, desde que se queira mudar, realmente, mudar.
Mudar significa estar consciente dos seus erros, incoerências, insensatez, irracionalidade e ignorância. Admitir ser um ignorante, é admitir que se tenha muito a aprender. É estar no caminho certo para evoluir emocionalmente, racionalmente, e em todas as esferas cotidianas a que somos postos à prova.
Dizer NÃO a si mesmo, não olhando para trás, sem ausentar-se do presente e sem antecipar o futuro, mas viver “o hoje”, procurando acertar o caminho sem culpar os outros pelos seus fracassos. Admitir os próprios fracassos é uma condição indispensável para deixar o figurino “velho” de lado, e vestir-se da certeza de que o sucesso está ali na frente, basta querer! Mudar a estampa e deixar de lado atitudes nas quais não vale à pena investir, aquelas que não reportam a um sentimento positivo, ao contrário." (...)

Texto extraído do livro Nós Desfeitos de Nós: Desafios, publicado em 2011, de Iara Ladvig.

O DESPERTAR

"(...) Enquanto todos ficarmos expostos à composição fria e irascível dos perversos inconsequentes, e outros ficarem à sombra do poder que se cala, estaremos subjugados, cada dia mais, a uma grande decomposição da sociedade: a desumanidade. Ela se repete todos os dias, nada muda. O que estaria faltando? Rever as leis. Quem as faz? Quem julga? Não, não é a JUSTIÇA, mas aqueles que escolhemos justamente para nos representar, os políticos. Por isso, na hora de escolher, quesitos como CARÁTER devem ser bem pensados, assim como a história pregressa, para que tenhamos homens e mulheres decentes nos representando e defendendo nossa soberania pessoal, como gente, ser humano ou, simplesmente, cidadãos de bem, acima de tudo! (...)

 Texto extraído do livro Nós Desfeitos de Nós: Desafios, publicado em 2011, de Iara Ladvig.

Sou tudo ou Nada

" Não suporto meios termos. Por isso, não me doo pela metade. Não sou sua meio amiga nem seu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada." Clarice Lispector

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Relutando


Nos sonhos de liberdade
Sobrevivendo a redoma íntima
Em profunda introversão
Mergulha na culpa alheia
Que os medíocres impuseram.
O inocente indefeso
Carrega a dor
Imputada injustamente
Resignando-o à expiação.

Adolescente confuso
O medo arranha a alma
Mergulha no abstrato.
Bode expiatório
Dos erros alheios
Que boicotam a vida
Com tristeza e solidão.
Na cotidiana verdade
Incomoda a estima
Cansada de humilhação.

Homem relutante
Em seu próprio desafio
Introversão de sentimentos
Sufocados pela ditadura
Imposta pelo egoísmo.
Tolhendo a personalidade
Na exaustão do silêncio,
Sem omissão não perde tempo
Eclode no brado
A liberdade de viver.

                                      I.Ladvig

A INVEJA

A inveja é fruto da incapacidade de ser feliz e realizado com suas próprias conquistas, e insatisfação consigo mesmo. A pessoa deseja o que é o outro.
Quem inveja não consegue muitas vezes elogiar, senão usar da crítica como ferramenta para "desconstruir" as conquistas alheias, ou  responde com o silêncio.
                                                                                                             I.Ladvig

Se engana quem ...

" Se engana quem acha que riqueza e status  atraem inveja. As pessoas invejam mesmo é o sorriso fácil, a luz própria, a felicidade sincera, a alegria exagerada.
O que incomoda o outro são as amizades que o outro atrai, a boa energia que transmite, o brilho ofuscante no olhar, a sinceridade espontânea, o amor verdadeiro, a positividade pela vida, a leveza no andar e a paz interior."

                                                                                          Maíra Cintra.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

" Perder-se também é caminho".



Quando nos perdemos de nós, em algum momento, vamos nos reencontrar. 
Este é um caminho para uma nova vida, um livre-arbítrio cúmplice de escolhas.
Irá  exigir uma mudança na percepção de valores, ideais e estilo. Tudo irá depender da forma como percebemos a vida. O importante é que consigamos nos encontrar em nós mesmos.
                                                                                           I.Ladvig
                                                                                       

Diva das Emoções

" Sorrisos e abraços espontâneos me emocionam. Palavras até me conquistam temporariamente. Mas atitudes me ganham para sempre." 
                                                                                      
                                                                                                         Clarice Lispector

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Heterogênea Partilha


Alicerces que nada dizem
Sombrios, frios e mortos
Cenário cotidiano,
Metrópole de investimentos.

Aglomerados de madeira e pedra,
Brusca floresta petrificada.
Edificações de contraste inerte
Presa na monotonia.

Encobrindo divisas humanas,
Esperam substituição de figuração
Arquitetura moderna, arrojada.
Na arrogância de representar.

Compõem a paisagem da cidade,
Amontoados de um mesmo afim.
Préstimo indispensável
Que o tempo desgasta.

São compostos de concreto e carne,
Respondendo à necessidade humana.
Um teto, um habitat,
Heterogênea partilha.

                                                     Iara Ladvig

Frase de Clarice Lispector

" Dizem que a vida é para quem sabe viver, mas ninguém nasce pronto. A vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde o bastante para aprender. "  Clarice Lispector



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Exílio do João de Barro






Canta triste, menino.                                            
Ninho desfeito
Labor do amor
Que teceste com carinho.
Chora em teu exílio
Na pátria arborizada
Morada nos carvalhos
Figueiras e aroeiras.
Tua casa é história
Patrimônio tombado
Pela natureza imperiosa.
Desalmado coração
Traiçoeiro sem dó
Fez a mira inocentes
Derrubando-a terra a terra.
Abate a dignidade
João assobia triste
A canção do exílio.


                                        I.Ladvig

Minha Criança

                      

Braços pedintes
De um colo
Mão que acarinha
Singeleza da palma
Amor terno de madona
Que mora na alma fêmea
De cada mulher
Seja parideira ou estéril
Louvadas sejam
Pela intenção de ser mãe
Enobrecendo a vida
Tão presente e pedinte
De amor e atenção.
Minha criança não se ausenta
Enquanto toma em meus braços
A minha eterna criança.


                                                                                                                     I.Ladvig

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Borboleteando à Vida


E difícil imaginar um jardim sem elas, as borboletas. Alegres, periclitam para um lado e outro, despreocupadas, desapegadas, ao mesmo tempo, apegadas à vida. Simbolizam a renovação e liberdade, e levam a inspiração além do tempo.
Com uma xícara de café nas mãos, degustando-o gole por gole, saboreando o prazer daquele momento, distraída, observava pela janela, as crianças brincando na calçada.
Distante da cena, mas ainda observando, puxei a cadeira, e me sentei. Por um momento fiquei prostrada de saudades, lembrando-me da minha infância. Foi então que submergi no passado, e me vi pulando amarelinha na frente de casa, pulando corda com as meninas na escola, jogando três marias, jogo da velha, etc. O jogo da velha costumávamos jogar em sala de aula, uma folha que dançava, indo para frente e retornando, assim passeava em nossas mãos, enquanto a professora se distraía em seus amontoados de papéis. E de vez enquanto, era surpreendida com o nosso burburinho, quando nos observava com os óculos na ponta do nariz, em silêncio, virando a cabeça, até sermos contidas pelo olhar nada satisfeito, momento em que nos recolhíamos, escondendo o sorriso matreiro. Era bem divertido!
Sentimento de culpa, nem pensar! Ser uma menina arteira, dava o que falar. E quando minha mãe precisava ir à escola, era aquele verbete na ponta da língua. A professora não perdoava nas reuniões de entrega das avaliações.
Em casa, minha mãe cobrava meu comportamento.  Nada falava, somente baixava a cabeça e retornava para o meu “mundinho da lua”. O tão falado e popular desvio de atenção, ou déficit.
O que havia de tão especial neste mundinho da lua? As fantasias? E quais seriam? Nem lembro mais, mas na época, teria condições de responder o que tanto pensava. Adianto que era um mundo irreal. Buscava nas viagens a fantasia. Com certeza não era a geometria, o português, os plânctons, o mundo admirável das artes e seus Quixotes de la Mancha. Não! Também não eram fadinhas e príncipes encantados. Era só o meu mundinho, particularmente meu. Território indevassável e inconfessável, no auge da imaginação, onde se proliferavam todas as magias possíveis, desde o mago Merlim até inconsistente diálogo com o mundo oculto, o além.
Falava pelos cotovelos, sozinha. Olhava no espelho e batia um longo e gostoso papo. Eu e mais eu, quando ninguém estava olhando, é claro.
Debruçava-me sobre a mesa, ensejando escrever alguma coisa. Rabiscava alguns desejos e vap-vupt, voltava a terra, conectando-me com o real. E quando isto acontecia, empurrava o papel para o lado. Fechava a porta do quarto e ia brincar. Brincar de ser eu, menina tímida, de cabelos loiros e olhos verdes. De vez enquanto, levava uns petelecos da gurizada na escola que adoravam implicar com meu estilo certinho de ser. Detestava tudo aquilo, mas não levava muito a sério.
Às vezes, apelava ao colega Waldemar, a proteção. Tinha uns 16 anos, senão mais. Era afrodescendente, altura mediana, um pouco acima do peso, mas ágil. Tinha os cabelos encaracolados, que mantinha bem aparado. Era dono de um largo sorriso, branco, que reluzia em contraste com sua tez negra. Era homossexual, porém reprimia toda sua faceirice. E sempre nas horas difíceis, do empurra-empurra, tomava as dores das meninas. Quando o assunto era proteção, Waldemar levantava-se da cadeira, e com a mão espalmada, batia pra valer nos meninos. Nós ríamos aliviadas, nosso anjo de ébano nos protegia.
Um dia, caminhando pelos corredores da escola, um menino veio ao meu encontro, correndo, fugindo de um outro colega que queria pegá-lo. Brincadeira da época, pega-pega. Vinha contudo, quando passou por mim, e sem querer atingiu fortemente o estômago. Hummm, que dor, bem lá, na boca do estômago. Jamais esqueci tal cena! Vi estrelas por alguns segundos.
Pior eram os dias que éramos obrigados a beber Padrax em pó contra vermes. Que coisa ruim!
Os dias eram sempre monótonos e calmos. Tranquilidade que apaziguava as emoções. Nada de extraordinário preenchia aquelas manhas pálidas. O bom de tudo é que vivíamos numa época mais tranqüila, sem grades, alarmes, violência e pedófilos à espreita. Tínhamos liberdade de ir e vir, sem nos preocuparmos com potentes malfeitores escondidos com perfil de “homem bonzinho”.
Podíamos ao menos, viajar pelas nuances de uma vidraça, e nos perdemos lá fora, no jardim, observando lindas borboletas, principalmente as raras, as azuis, a pousarem nas flores.
 Borboleteávamos à vida, libertando a alma!

                                                                                               I.Ladvig