Amanhece, no céu nuvens se esparramam
docemente, como flocos de algodão, as rajadas avermelhadas dão uma corzinha de
festa ao céu ainda pálido ao alvorecer. São seis e meia da manhã, muitas
pessoas já em prontidão, se dirigem ao trabalho. A parada de ônibus ainda
vazia, e os ônibus já lotados. Na expectativa de um novo dia, de laborar o
sustento, garantindo o pão do nosso de cada dia.
Em setembro, a
temperatura amena, já se permite ficar mais a vontade, sem precisarmos estar
com toneladas de roupas nos pesando os passos. Os dias se tornam mais
agradáveis e as pessoas influenciadas pelo ar primaveril, se sentem mais
felizes e leves.
Os pássaros
ensaiam a cantoria, linda, leve e solta. Surgem os primeiros gorjeios,
prenuncio de uma sinfonia, de um alvorecer tranquilo.
Aos poucos o sol
tímido vai surgindo, secando as gotas de orvalho sobre as folhas. Logo a
natureza vai despontando, vestida de verde, para a majestade o sol, encantar!
Percebendo esse
momento tão precioso, que muitas vezes, passa, sem ao menos nos darmos por
conta, é que vemos o que tão de magnífico tem nesta paisagem tão nobre e comum,
a manifestação da vida, a natureza em seus minuciosos detalhes, que observados,
percebidos, sentidos, impressionam, justamente pelo encaixe tão natural das
coisas. Tudo acontece de uma forma espontânea, natural.
Um alvorecer nunca
é da mesma forma, todo o dia é de uma maneira diferente, assim como a
percepção, e sempre surgem coisas novas. Geralmente, não nos damos por conta,
pois estamos sempre com pressa, atrasados, envolvidos com outras coisas, com a
sutileza de um jornal que na sua leveza, nas primeiras horas da manhã, nos
infestam a cabeça de notícias desagradáveis, que aborrecem... A violência e
seus detalhes, as traquinagens da corrupção, as marolinhas no poder desabafam
em colunas de jornais, a inusitada surpresa, de um assunto tão velho, conhecido
quanto à surpresa de um “de já vu”... Ignóbeis!
E ainda perdemos
tempo com as “marolinhas” políticas, enquanto deixamos de olhar para fora e
percebermos quanta coisa maravilhosa que existe entre nós, inclusive olhar mais
pra nós mesmos... Amainar o pique, parar um pouco no tempo, esquecer o relógio,
e por alguns instantes, curtir um pouco a natureza.
Respirar, admirar,
perceber, adentrar e repensar o que esperamos e desejamos pra nós e os
nossos... Vivemos em um mundo sufocado pelos interesses “capitais”, o lucro
está sempre atrás de alguma coisa, justamente para obter mais . Um caçador
inveterado de cifras! É um círculo vicioso, e quanto mais valorizarmos a questão
do ter, deixaremos de lado o “ser” e “estar” que são oportunidades únicas, e
que não voltam no tempo.
Pare um pouco para
“repensar” e dar um “feedback” de todos esses anos... Será que tudo realmente
valeu à pena? Será que estás cuidando realmente bem de ti e da família, das
pessoas que te amam, dando atenção aos amigos, fazendo as coisas que achas
prazerosas, ou estás apenas sendo um “boneco” do sistema. Sem tempo, sem
opiniões, escolhas, com um ritmo estourado de cobranças e que precisa estar
sempre sendo instigado a produzir em curto espaço, um rol de satisfações e
eficácia constante. Mero reprodutor do sistema lucro.
A onde fica o ser
humano, a pessoa? Onde fica um tempo para si mesmo... Para poder respirar,
sentir a vida, acarinhar boas ideias, trocá-las, conversar com os amigos,
curtir a família de perto!
Ser presente
consigo mesmo e conseguir trocar energias com a natureza, poder senti-la,
admirá-la e dar um tempo a si mesmo, afinal não é uma máquina!
Viva, e
respire-se! Seja feliz e deixe seu coração a mil, transbordando de alegria e
cheio de expectativas, descanse, curta, ame, viva, sorria, troque ideias,
energias, alegrias, sonhe, brinque... Mas permita-se viver! Verás que os frutos
a serem colhidos serão mais saborosos e que irão frutificar “novas ideias e
conceitos” a serem seguidos em todos os âmbitos: pessoal e profissional.
Conseguir perceber
que as estações do ano existem... E permitir-se escolher a estação que mais lhe
agrada, uma ou simplesmente todas, e pé na estrada!
E quando setembro
floresce, é lindo!
I.Ladvig