sexta-feira, 23 de março de 2018

Beleza D' Alma




A beleza, outrora 'transitória'
Fixou-se nos cartazes da academia
No marketing das clínicas de estética
Nos bisturis de tantas plásticas,
Mas uma beleza silenciosamente resiste
Sem peso, sem medidas, sem correias,
Em franca transitoriedade evolutiva
A alma quando ama se enobrece
A vida é breve e passa,
Só a beleza d'alma permanece.

                   Francisco Deliane

A beleza interior nunca envelhece.




  

quinta-feira, 22 de março de 2018

A origem do romance La Casa Amarilla.

Atipicamente, sugestionada a escrever o romance La Casa Amarilla, após sonhos recorrentes, místicos ou inconscientes, da adolescência a fase adulta. O sonho, ritualisticamente, começava e terminava do mesmo jeito.

Um tanto questionadora, desde a adolescência, fiz a releitura do sonho – como se fosse uma obra de arte – vislumbrando o cenário lúgubre. A velha casa amarela tinha um muro, deteriorado, circundando o terreno, e um enorme portão de ferro, cinza esmaecido. Na frente, uma figueira frondosa com galhos cobertos de barba-de-pau suspensos. No interior do casario, pouca mobília e uma colcha de retalhos sob a cama coberta por um véu. A penumbra era iluminada por lamparinas a querosene, e um fardo de tristezas fustigava a aura da casa. A mulher, aparentemente hispânica, tinha os cabelos longos e negros. Trajava um vestido, longo e estampado, e trazia consigo, um filho pequeno para criar. Um tempo, talvez, longínquo, parecia real. E assim, concebeu-se a ambientação rudimentar do romance.

La Casa Amarilla é um romance histórico (1927). No decorrer do enredo ficcional aborda temas, longe dos clichês e sempre atuais, como as questões de gênero, raça e social. Um enredo, doce e envolvente, levando o leitor a um Déjà-vu. Esboça, nas entrelinhas, os moldes morais e culturais do patriarcado. Seculares e norteadores da história da civilização, tornaram-se uma grande chaga de desumanidades.

Entre uma e outra cena, pinçamos os episódios vivenciados pela protagonista Teresa. Através das facetas do comportamento humano, permeadas entre o bem e o mal: a perversão, desumanidade, preconceito, desrespeito as diferenças, o direito das mulheres à liberdade, de ir e vir e trabalhar.

Destemida, em tempos difíceis, uma mãe cria sozinha o filho pequeno, assombrada pelas hordas e o coronelismo, à espreita, por trás das garruchas. Teresa –   entre outras tantas – representa a verdadeira heroína.

Nessa história pleiteia-se um sentimento forte de consciência nos bastidores do século XXI, de respeito a identidade feminina em todos os âmbitos existenciais. Como qualquer outro indivíduo, a busca dos sonhos, realização e felicidade. Felicidade construída na labuta cotidiana, caracterizada por grandes, e principalmente, pequenas conquistas.

Teresa nos dá uma lição de superação, ultrapassando os conceitos morais patriarcais, os quais muitas de nós, mulheres, culturalmente permanecemos presas, como as lendárias mulheres de Atenas.

Apesar da resistência vil, o gênero se basta!


A autora.    
                                                                                                     


O romance La Casa Amarilla encontra-se nas seguintes livrarias:

Em Porto Alegre - RS:


Letras & Cia 
Shopping Paseo - Zona Sul



Espaço Cultural
Av. Getúlio Vargas, nº 1158


Em Gravataí - RS:


         Livraria Santos
            Gravataí Shopping Center


Em Camaquã - RS:


                                                   

Livraria  e  Papelaria Conhecer


Em Santo Antônio da Patrulha - RS:

       

quarta-feira, 14 de março de 2018

A Cultura Machista: Tão viva quanto ontem.




A história remete ao preconceito de gênero, raça, classe social, paixões proíbidas, vidas de aparências, mentiras e traição. Mostra a mulher lutando por aquilo que acreditava ser a felicidade, desrespeitada e abusada por sua condição de gênero: Mulher. A protagonista, Teresa, incansavelmente conquista seu espaço como mulher, degladiando-se cotidianamente com os freios morais machistas ditados pelo patriarcado e conduzidos a rédeas curtas pelos coronéis. La Casa Amarilla é uma história que nos faz pensar que é preciso romper os laços com a cultura do patriarcado e recriar-se como mulher, deixando de alimentar as ideias retrógadas que insistem em permanecerem tão vivas quanto ontem.

Entrevista com a autora do romance La Casa Amarilla - Iara Ladvig




 O romance histórico é ambientado em 1927, na cidade fictícia de Pinedos. Uma família de descendentes espanhóis, os Saavedra, é dizimada por doenças mortais, restando apenas mãe e filho, Teresa e Alejandro. Com pouco dinheiro e muitos hectares de terras férteis, recomeçam praticamente do zero. Com a escassez de recursos, reconstroem o casario amarelo, bastante desgastado pelas ações do tempo, e investem na cultura do café.
Em um passeio pela cidade, Teresa conheceu o vizinho lindeiro. E após anos de viuvez, entregou-se a uma paixão, entre uma série de encontros e desencontros amorosos. O bucólico se manifesta em cenas inquietantes, ou mesmo mornas, instigando o leitor a um quebra-cabeça de indagações.
Teresa, soberana em suas decisões, tornou-se a própria vilã ao entregar-se ao claustro dos ditames morais da época.

Leia mais: https://www.divulgaescritor.com/products/iara-ladvig-budelon-entrevistada/

quarta-feira, 7 de março de 2018



Chão de Estrelas - Maria Bethânia.


(...) "A porta do barraco era sem trinco
E a lua furando nosso zinco
salpicava de estrelas nosso chão
E tu, tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura dessa vida
É a cabrocha, o luar e o violão."

Despercebidos





Hoje caminhei pela rota do entardecer. Fazia uma bela tarde, o sol poético tocando prelúdios de primavera. Os pássaros gorjeavam o prenúncio da estação das flores. Na rua ouvia-se, apenas, o farfalhar das folhas secas ao serem pisadas.

Ao caminhar, costeando o rio Guaíba, senti o frescor da brisa batendo em meu rosto, os cabelos esvoaçavam, sentia-me feliz por estar ali. As ondas vagueavam num vaivém faceiro, um sussurro gostoso, convite irrecusável aos ouvidos.

Ensaios fotográficos retratados pela retina. Algumas pessoas aproveitando para pegar sol, passear com o cachorro e reunir-se com os amigos. E aqueles que não abrem mão do tradicional chopinho de fim de tarde à beira do rio, com ingresso gratuito ao espetáculo encenado pelo sol se pondo.

Apurei o passo, no compasso de fim de tarde, fui caminhando até o lugar de sempre, o pórtico. Lugar na medida para apreciar a beleza da natureza interagindo.  Ao longe, veleiros deslizam sob  águas tranquilas. Aos poucos, a tarde vai caindo e o sol se retira do cenário. O entardecer se despede com um beijo cálido.
Sigo o trajeto pelas ruelas solitárias, admirando as casas enfileiradas, lado a lado, com seus contrastes, cores, formas e estilos diferentes.  Cada uma abrigando sonhos, alegrias, tristezas, famílias, ou simplesmente, vidas.

Ignoramos detalhes que passam despercebidos. Deixamos de admirar tantas belezas prendendo-nos a futilidades. Esquecemo-nos de viver, e então, também passamos despercebidos de nós mesmos e dos outros.


(Texto extraído do livro Nós Desfeitos de Nós: Desafios - Iara Ladvig Budelon.)