Atipicamente, sugestionada a escrever o romance La
Casa Amarilla, após sonhos recorrentes, místicos ou inconscientes, da
adolescência a fase adulta. O sonho, ritualisticamente, começava e terminava do
mesmo jeito.
Um tanto questionadora, desde a adolescência, fiz a
releitura do sonho – como se fosse uma obra de arte – vislumbrando o cenário
lúgubre. A velha casa amarela tinha um muro, deteriorado, circundando o
terreno, e um enorme portão de ferro, cinza esmaecido. Na frente, uma figueira
frondosa com galhos cobertos de barba-de-pau suspensos. No interior do casario,
pouca mobília e uma colcha de retalhos sob a cama coberta por um véu. A
penumbra era iluminada por lamparinas a querosene, e um fardo de tristezas fustigava
a aura da casa. A mulher, aparentemente hispânica, tinha os cabelos longos e
negros. Trajava um vestido, longo e estampado, e trazia consigo, um filho
pequeno para criar. Um tempo, talvez, longínquo, parecia real. E assim,
concebeu-se a ambientação rudimentar do romance.
La Casa Amarilla é
um romance histórico (1927). No decorrer do enredo ficcional aborda temas,
longe dos clichês e sempre atuais, como as questões de gênero, raça e social.
Um enredo, doce e envolvente, levando o leitor a um Déjà-vu. Esboça, nas
entrelinhas, os moldes morais e culturais do patriarcado. Seculares e
norteadores da história da civilização, tornaram-se uma grande chaga de
desumanidades.
Entre uma e outra cena, pinçamos os episódios vivenciados
pela protagonista Teresa. Através das facetas do comportamento humano,
permeadas entre o bem e o mal: a perversão, desumanidade, preconceito,
desrespeito as diferenças, o direito das mulheres à liberdade, de ir e vir e
trabalhar.
Destemida, em tempos difíceis, uma mãe cria sozinha o filho
pequeno, assombrada pelas hordas e o coronelismo, à espreita, por trás das
garruchas. Teresa – entre outras tantas –
representa a verdadeira heroína.
Nessa história pleiteia-se um sentimento forte de consciência
nos bastidores do século XXI, de respeito a identidade feminina em todos os
âmbitos existenciais. Como qualquer outro indivíduo, a busca dos sonhos,
realização e felicidade. Felicidade construída na labuta cotidiana,
caracterizada por grandes, e principalmente, pequenas conquistas.
Teresa nos dá uma lição de superação, ultrapassando os
conceitos morais patriarcais, os quais muitas de nós, mulheres, culturalmente
permanecemos presas, como as lendárias mulheres de Atenas.
Apesar da resistência vil, o gênero se basta!
A autora.
O romance La Casa Amarilla encontra-se nas seguintes livrarias:
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