Hoje caminhei
pela rota do entardecer. Fazia uma bela tarde, o sol poético tocando prelúdios
de primavera. Os pássaros gorjeavam o prenúncio da estação das flores. Na rua
ouvia-se, apenas, o farfalhar das folhas secas ao serem pisadas.
Ao caminhar,
costeando o rio Guaíba, senti o frescor da brisa batendo em meu rosto, os
cabelos esvoaçavam, sentia-me feliz por estar ali. As ondas vagueavam num
vaivém faceiro, um sussurro gostoso, convite irrecusável aos ouvidos.
Ensaios
fotográficos retratados pela retina. Algumas pessoas aproveitando para pegar
sol, passear com o cachorro e reunir-se com os amigos. E aqueles que não abrem
mão do tradicional chopinho de fim de tarde à beira do rio, com ingresso
gratuito ao espetáculo encenado pelo sol se pondo.
Apurei o passo,
no compasso de fim de tarde, fui caminhando até o lugar de sempre, o pórtico.
Lugar na medida para apreciar a beleza da natureza interagindo. Ao longe, veleiros deslizam sob águas tranquilas. Aos poucos, a tarde vai
caindo e o sol se retira do cenário. O entardecer se despede com um beijo
cálido.
Sigo o trajeto
pelas ruelas solitárias, admirando as casas enfileiradas, lado a lado, com seus
contrastes, cores, formas e estilos diferentes.
Cada uma abrigando sonhos, alegrias, tristezas, famílias, ou
simplesmente, vidas.
Ignoramos
detalhes que passam despercebidos. Deixamos de admirar tantas belezas
prendendo-nos a futilidades. Esquecemo-nos de viver, e então, também passamos
despercebidos de nós mesmos e dos outros.