terça-feira, 24 de junho de 2014

Sonho de Esperança


Numa manhã de verão de 1940, Esperança, que então tinha sete anos de idade, avistara o mar pela primeira vez. Fora um encontro inesquecível, cheio de surpresas agradáveis.
Sob os cômoros de areia, trilhava deixando pequenas pegadas. A cabeleira crespa esvoaçava, tocada pelo vento que soprava forte. Sentada na areia, admirava o mar, mergulhando em seus mistérios. Um olhar curioso, por trás dos olhos graúdos e negros, que mais pareciam jabuticabas. Vestia um vestido de chita amarela, e calçava sandálias de couro, surradas pelo tempo, que mal cabiam em seus pés. Franzina, esboçava um sorriso meigo que emoldurava o rosto com uma expressão angelical.
A menina viajara com o pai, em uma de suas viagens costumeiras pelo sertão nordestino, dentro de um pau-de-arara. Estava sendo levada para morar com os tios na capital, antes, suplicara para conhecer o oceano. Naquele instante inesquecível, concretizara um sonho pueril.
Recebera do mar, uma oferenda, uma grande concha rósea, a qual colocara ao lado do ouvido, tendo a gostosa sensação de ouvir a sinfonia das ondas.