Penduraste as mágoas
No folhetim de ontem
Vives enganando a ti mesmo
Inverdades que o medo constrói
Impedindo a felicidade que chega
Alma resiste aflita, mentira.
A carne cansada entrega-se
Sentimento ocioso estaciona
Esmiúças a frágil verdade
Temperas rancor com insensatez
Esqueces o bom senso
Arquivas a esperança
Adorando a negação
Como válvula de escape.
Detonas os cigarros ambulantes
Perdido em melodias e revistas
O tempo fisgou as chances
Desperdiçadas na desilusão
Adolescente em tuas quimeras
Deleita-te na procura que não achas
Perdido num carrossel de sonhos.
Escondido nas inseguranças
Desilusões que desnudam as feridas
Um dia caíste da cama, tapa de chão
Vergonha, tédio, solidão
Abriste a porta, vaias mudas
Surdas mágoas, reages, ouves
Não repeles a verdade, enfrenta
Desbotam as mágoas.