quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Ao florescer de setembro




Amanhece, no céu nuvens se esparramam docemente, como flocos de algodão, as rajadas avermelhadas dão uma corzinha de festa ao céu ainda pálido ao alvorecer. São seis e meia da manhã, muitas pessoas já em prontidão, se dirigem ao trabalho. A parada de ônibus ainda vazia, e os ônibus já lotados. Na expectativa de um novo dia, de laborar o sustento, garantindo o pão do nosso de cada dia.
Em setembro, a temperatura amena, já se permite ficar mais a vontade, sem precisarmos estar com toneladas de roupas nos pesando os passos. Os dias se tornam mais agradáveis e as pessoas influenciadas pelo ar primaveril, se sentem mais felizes e leves.

Os pássaros ensaiam a cantoria, linda, leve e solta. Surgem os primeiros gorjeios, prenuncio de uma sinfonia, de um alvorecer tranquilo.
Aos poucos o sol tímido vai surgindo, secando as gotas de orvalho sobre as folhas. Logo a natureza vai despontando, vestida de verde, para a majestade o sol, encantar!
Percebendo esse momento tão precioso, que muitas vezes, passa, sem ao menos nos darmos por conta, é que vemos o que tão de magnífico tem nesta paisagem tão nobre e comum, a manifestação da vida, a natureza em seus minuciosos detalhes, que observados, percebidos, sentidos, impressionam, justamente pelo encaixe tão natural das coisas. Tudo acontece de uma forma espontânea, natural.
Um alvorecer nunca é da mesma forma, todo o dia é de uma maneira diferente, assim como a percepção, e sempre surgem coisas novas. Geralmente, não nos damos por conta, pois estamos sempre com pressa, atrasados, envolvidos com outras coisas, com a sutileza de um jornal que na sua leveza, nas primeiras horas da manhã, nos infestam a cabeça de notícias desagradáveis, que aborrecem... A violência e seus detalhes, as traquinagens da corrupção, as marolinhas no poder desabafam em colunas de jornais, a inusitada surpresa, de um assunto tão velho, conhecido quanto à surpresa de um “de já vu”... Ignóbeis!
E ainda perdemos tempo com as “marolinhas” políticas, enquanto deixamos de olhar para fora e percebermos quanta coisa maravilhosa que existe entre nós, inclusive olhar mais pra nós mesmos... Amainar o pique, parar um pouco no tempo, esquecer o relógio, e por alguns instantes, curtir um pouco a natureza.
Respirar, admirar, perceber, adentrar e repensar o que esperamos e desejamos pra nós e os nossos... Vivemos em um mundo sufocado pelos interesses “capitais”, o lucro está sempre atrás de alguma coisa, justamente para obter mais . Um caçador inveterado de cifras! É um círculo vicioso, e quanto mais valorizarmos a questão do ter, deixaremos de lado o “ser” e “estar” que são oportunidades únicas, e que não voltam no tempo.
Pare um pouco para “repensar” e dar um “feedback” de todos esses anos... Será que tudo realmente valeu à pena? Será que estás cuidando realmente bem de ti e da família, das pessoas que te amam, dando atenção aos amigos, fazendo as coisas que achas prazerosas, ou estás apenas sendo um “boneco” do sistema. Sem tempo, sem opiniões, escolhas, com um ritmo estourado de cobranças e que precisa estar sempre sendo instigado a produzir em curto espaço, um rol de satisfações e eficácia constante. Mero reprodutor do sistema lucro.
A onde fica o ser humano, a pessoa? Onde fica um tempo para si mesmo... Para poder respirar, sentir a vida, acarinhar boas ideias, trocá-las, conversar com os amigos, curtir a família de perto!
Ser presente consigo mesmo e conseguir trocar energias com a natureza, poder senti-la, admirá-la e dar um tempo a si mesmo, afinal não é uma máquina!
Viva, e respire-se! Seja feliz e deixe seu coração a mil, transbordando de alegria e cheio de expectativas, descanse, curta, ame, viva, sorria, troque ideias, energias, alegrias, sonhe, brinque... Mas permita-se viver! Verás que os frutos a serem colhidos serão mais saborosos e que irão frutificar “novas ideias e conceitos” a serem seguidos em todos os âmbitos: pessoal e profissional.
Conseguir perceber que as estações do ano existem... E permitir-se escolher a estação que mais lhe agrada, uma ou simplesmente todas, e pé na estrada!
E quando setembro floresce, é lindo!

                                                               I.Ladvig


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